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Title: O Autismo e a ficção
Author: Diversidade Asperger
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Podemos dizer que nos últimos dois anos, o Autismo, tem sido um assunto mais recorrente nas mídias em geral, mas, já vem sendo tratad...
Podemos dizer que nos últimos dois anos, o Autismo, tem sido um assunto mais recorrente nas mídias em geral, mas, já vem sendo tratado na TV e no Cinema há muito mais tempo que isso. No texto de hoje falo alguns desses personagens que fazem e fizeram sucesso. Trago com intuito de mostrar que, apesar de muitas vezes parecerem caricatos, eles servem para informar e difundir sobre o assunto, e assim, diminuir o preconceito.
Começo falando da personagem, Linda, da novela “Amor à Vida”, que está no ar neste momento. Em algumas declarações, a própria atriz, Bruna Linzmeyer, disse que sua personagem tem Síndrome de Asperger apesar de eu, Camila, enxerga-la como muito mais próxima de autismo de nível moderado. O importante aqui não é dar um diagnóstico correto da personagem, é um veiculo de grande audiência, como uma novela das 21h, estar falando sobre o assunto.
Cheguei a ver alguns pais de crianças diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista dando declarações de que não gostaram muito do que foi feito até agora com a personagem, que ela não parece com que eles veem em casa, mas ela nunca vai parecer. Primeiro que é um personagem de ficção, querendo ou não, e segundo que nenhum autista vai ser exatamente como outro, por se tratarem de pessoas diferentes.
O segundo personagem que eu trago é o Sheldon Cooper da série americana “The Big and Bang Theory”. Muito popular, a série trata da vida de quatro amigos, dois são físicos, um é engenheiro e outro é astrofísico, mas todos tem uma coisa em comum: são “nerds”.
O que muita gente não sabe é que o Sheldon, interpretado pelo ator Jim Parsons, tem muitas características de Síndrome de Asperger. E quando eu falo, tem muitas características, é pelo fato de nunca ter sido dito na série que o personagem realmente tem Síndrome de Asperger.
O interessante em The Big Bang Theory é de você vê alguém que possivelmente está no Espectro Autista, vivendo de forma independente, longe dos pais ou de alguém que esteja no papel de cuidador, convivendo com suas dificuldades, como de interação social e comunicação, em um grupo de pessoas que nem sempre compreendem suas limitações, mas que se adaptam as suas dificuldades, como, por exemplo, o fato do personagem não saber dirigir e nem conseguir aprender, e precisar de carona dos amigos para se locomover.
O terceiro personagem que eu trago é do filme indiano, não muito conhecido, “Meu nome é Khan”. A história do filme se passa entre a Índia e os Estados Unidos. Rizwan Khan, uma criança muçulmana que tem síndrome de Asperger, cresceu com a sua mãe, na Índia, e desde cedo ela percebeu que seu Khan era diferente dos outros filhos. Então, ela o manda para o professor americano, que morava em sua cidade, para que ele ensine seu filho, já que ele não conseguia acompanhar a metodologia das escolas tradicionais.
Após a morte de sua mãe, Khan se vê obrigado a ir morar com o irmão nos Estados Unidos e tendo que trabalhar como vendedor. Por ser alguém com Síndrome de Asperger, ele tem muita dificuldade de interagir socialmente, e premissa básica para a profissão de vendedor é interagir com as outras pessoas. Mas, com ajuda de sua amiga, que depois vira namorada e esposa, ele consegue caminhar no emprego. Porém, acontecem os ataques de 11 de setembro e ele começa uma jornada para provar que ele é mulçumano, mas não é terrorista.
O filme é muito interessante, e o mais importante na história é a superação de Khan. Ele só foi diagnosticado com Síndrome de Asperger na idade adulta, quando ele foi morar com o irmão nos Estados Unidos. Passou a infância e adolescência sem ter um acompanhamento e tratamento adequados, e mesmo assim, sua mãe persistiu para garantir o seu direito a educação.
É importante, ao meu vê, que o autismo seja retratado em filmes e em programas de TV em geral, pois isso aproxima a sociedade das pessoas que tem Transtorno de Espectro Autista e suas famílias. E por isso, não devemos ser tão rígidos e querer que a ficção seja igual a realidade, pois o importante é que as pessoas consigam saber um pouco que seja sobre o Autismo, isso já ajuda a diminuir o preconceito.

Texto de autoria de Camila Gadelha, psicóloga formada pela UFAM – atualmente, fazendo especialização em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia Fenomenológica Existencial do Rio de Janeiro, tendo o autismo como objeto de estudo.


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